«Quero criar em Portugal clubes de ‘surf life saving’ - uma espécie de escuteiros do mar»
Entrevista de António Vitorino para o jornal Notícias da Zona.
Entrevista de António Vitorino para o jornal Notícias da Zona.
Praia do Rei (Costa de Caparica, Almada), 24 de Maio 2008.
Telmo Daniel Rodrigues, tem 30 anos, experiência como nadador salvador e, na presente época balnear, é também monitor do programa Bandeira Azul, nas praias de Almada e Sesimbra.
Propõe a criação em Portugal de clubes de ‘surf life saving’ – organizações não governamentais de nadadores salvadores – para assegurar a vigilância das praias durante o ano inteiro, e não apenas no período entre Junho e Setembro.
Propõe a criação em Portugal de clubes de ‘surf life saving’ – organizações não governamentais de nadadores salvadores – para assegurar a vigilância das praias durante o ano inteiro, e não apenas no período entre Junho e Setembro.
Notícias da Zona – Em Portugal existem algumas associações de nadadores salvadores formados pelo Instituto de Socorros a Náufragos (ISN). A sua proposta é diferente porquê e em que termos?
Telmo Rodrigues – Neste caso eu meto em causa o próprio ISN. Eu já frequentei cursos de nadador salvador. Portanto, tenho em conta que muitos dos nadadores salvadores que estão nas praias não têm a formação adequada. Vou dar um exemplo. Na penúltima reciclagem que eu frequentei, há cerca de 4 anos, no teste final que foi feito na praia, eu tive o cuidado de levar uma bóia de salvamento porque sabia que o examinador tinha posto uma certa distância e eu sabia que pessoas que pessoas que estavam no último dia a fazer o exame não iam estar seguras naquela situação. Então tive o cuidado de levar uma bóia torpedo para auxiliar pessoas que estavam a frequentar o próprio curso.
NZ – E a diferença então qual é?
T.R. – O clube é uma estrutura que possa manter os seus nadadores salvadores activos o ano todo. Com jogos, com torneios inter-clubes ao longo da costa inteira, com participação de vários escalões até aos seniores, ou seja, as pessoas mais antigas nos clubes. O que acontece então? Eu sou nadador salvador e sempre serei a vida toda. E isto é preciso frisar. Uma pessoa que já passou por este papel acaba por ter um bocadinho isto dentro de nós. Mas eu chego ao final de Setembro e não tenho qualquer vínculo perante nada. O ISN deixa de existir para nós. Deixa de nos propor actividade. O ISN está vinculado à Marinha. A Marinha é uma força militar. Isto tem que ser uma coisa de voluntariado, tem de passar pela população, desvincular isto do ISN.
NZ – Na prática, como se pode formar uma estrutura desse género? Tem de ser com nadadores salvadores que já tenham uma formação, que já tenham passado pelos cursos do ISN, não é?
T. R. – Mas desvinculados do ISN. O ISN poderia manter alguma intervenção, dar formação, dar apoio.
NZ – Mas, num clube, a formação passaria depois a ser uma coisa mais familiar, dos mais velhos para os mais jovens?
T. R. – Exactamente. Tendo um clube, eu sou dos primeiros sócios, mas daqui a vinte anos ainda posso estar vinculado. Posso ter lá os meus filhos, o meu sobrinho. Posso passar a palavra a amigos e conhecidos, dizer-lhes que há o clube e que nós fazemos provas, podem inscrever os filhos, aprendem a nadar… Seria como os escuteiros do mar. E essas pessoas acabam por ter uma aproximação ao mar, à natureza, muito vinculada. Essa aproximação ao mar e à natureza também traz essa consciencialização. Ou seja, as pessoas acabam por estar ligadas à praia, estar ligadas à natureza.
NZ – Não era então simplesmente aprender a nadar e aprender as técnicas de salvamento para aplicar durante a época balnear?
T.R. – Acabam por ser eles próprios como os protectores da praia. Não só das vidas, mas também da praia. E aí entra a parte de sensibilização ambiental que também pode estar anexada à nossa forma de estar perante a vida, perante a natureza, perante o desporto e tudo isso. Acaba por haver uma ramificação para outras áreas.
NZ – E isso não acontece com os nadadores salvadores formados pelo ISN? Eles são…
T.R. – A maior parte estudantes universitários, que fazem apenas aqui uns desenrasques de dinheiro. Muitas vezes quando chega a altura de um certo festival de Verão, anda tudo epá eu quero ir para o Sudoeste… Ou seja acaba por nessa altura, em Agosto... as pessoas também quererem ter as suas férias. Já estudaram o ano todo… E acabam muitas vezes as praias por ficarem só com um vigia aqui, um vigia acolá.
NZ – Propõe então uma estrutura de voluntariado, mas quase semi-profissional, no sentido em que alguns estariam já quase a tempo inteiro?
T.R. – Exactamente. Digamos que existem algumas pessoas que terão que gerir esses clubes. Poderia ser um núcleo duro para trabalhar na parte de sensibilização ambiental, com câmaras municipais, com juntas de freguesia… Actividades de praia, lazer. Todas aquelas actividades que a própria câmara também tenta muitas vezes mas não consegue porque não tem pessoas a trabalhar no terreno para se envolver com jovens, etc. também poderia passar por aí. Essa estrutura pode dar apoio a esses jovens, na ocupação de tempos livres. Dessa forma até se calhar para o outro ano angariar novos sócios para esse clube e dar continuidade ao life saving. Acabava por ter um ritmo constante e mais fluido de pessoas.
NZ – E isso não existe, de todo, em Portugal?
T.R. – Não existe um único clube de life saving, não há instalações… Um nadador salvador tem muitas vezes que deixar os seus pertences na praia, onde não tem um cacifo ou um espaço para tomar banho. Ou seja, tal e qual como um bombeiro, ou um guarda-florestal, também merecem ter o seu cantinho, digamos, inserido na sociedade. Em que as pessoas olhem para aquela estrutura e saibam que nós somos os nadadores salvadores.
Telmo Rodrigues – Neste caso eu meto em causa o próprio ISN. Eu já frequentei cursos de nadador salvador. Portanto, tenho em conta que muitos dos nadadores salvadores que estão nas praias não têm a formação adequada. Vou dar um exemplo. Na penúltima reciclagem que eu frequentei, há cerca de 4 anos, no teste final que foi feito na praia, eu tive o cuidado de levar uma bóia de salvamento porque sabia que o examinador tinha posto uma certa distância e eu sabia que pessoas que pessoas que estavam no último dia a fazer o exame não iam estar seguras naquela situação. Então tive o cuidado de levar uma bóia torpedo para auxiliar pessoas que estavam a frequentar o próprio curso.
NZ – E a diferença então qual é?
T.R. – O clube é uma estrutura que possa manter os seus nadadores salvadores activos o ano todo. Com jogos, com torneios inter-clubes ao longo da costa inteira, com participação de vários escalões até aos seniores, ou seja, as pessoas mais antigas nos clubes. O que acontece então? Eu sou nadador salvador e sempre serei a vida toda. E isto é preciso frisar. Uma pessoa que já passou por este papel acaba por ter um bocadinho isto dentro de nós. Mas eu chego ao final de Setembro e não tenho qualquer vínculo perante nada. O ISN deixa de existir para nós. Deixa de nos propor actividade. O ISN está vinculado à Marinha. A Marinha é uma força militar. Isto tem que ser uma coisa de voluntariado, tem de passar pela população, desvincular isto do ISN.
NZ – Na prática, como se pode formar uma estrutura desse género? Tem de ser com nadadores salvadores que já tenham uma formação, que já tenham passado pelos cursos do ISN, não é?
T. R. – Mas desvinculados do ISN. O ISN poderia manter alguma intervenção, dar formação, dar apoio.
NZ – Mas, num clube, a formação passaria depois a ser uma coisa mais familiar, dos mais velhos para os mais jovens?
T. R. – Exactamente. Tendo um clube, eu sou dos primeiros sócios, mas daqui a vinte anos ainda posso estar vinculado. Posso ter lá os meus filhos, o meu sobrinho. Posso passar a palavra a amigos e conhecidos, dizer-lhes que há o clube e que nós fazemos provas, podem inscrever os filhos, aprendem a nadar… Seria como os escuteiros do mar. E essas pessoas acabam por ter uma aproximação ao mar, à natureza, muito vinculada. Essa aproximação ao mar e à natureza também traz essa consciencialização. Ou seja, as pessoas acabam por estar ligadas à praia, estar ligadas à natureza.
NZ – Não era então simplesmente aprender a nadar e aprender as técnicas de salvamento para aplicar durante a época balnear?
T.R. – Acabam por ser eles próprios como os protectores da praia. Não só das vidas, mas também da praia. E aí entra a parte de sensibilização ambiental que também pode estar anexada à nossa forma de estar perante a vida, perante a natureza, perante o desporto e tudo isso. Acaba por haver uma ramificação para outras áreas.
NZ – E isso não acontece com os nadadores salvadores formados pelo ISN? Eles são…
T.R. – A maior parte estudantes universitários, que fazem apenas aqui uns desenrasques de dinheiro. Muitas vezes quando chega a altura de um certo festival de Verão, anda tudo epá eu quero ir para o Sudoeste… Ou seja acaba por nessa altura, em Agosto... as pessoas também quererem ter as suas férias. Já estudaram o ano todo… E acabam muitas vezes as praias por ficarem só com um vigia aqui, um vigia acolá.
NZ – Propõe então uma estrutura de voluntariado, mas quase semi-profissional, no sentido em que alguns estariam já quase a tempo inteiro?
T.R. – Exactamente. Digamos que existem algumas pessoas que terão que gerir esses clubes. Poderia ser um núcleo duro para trabalhar na parte de sensibilização ambiental, com câmaras municipais, com juntas de freguesia… Actividades de praia, lazer. Todas aquelas actividades que a própria câmara também tenta muitas vezes mas não consegue porque não tem pessoas a trabalhar no terreno para se envolver com jovens, etc. também poderia passar por aí. Essa estrutura pode dar apoio a esses jovens, na ocupação de tempos livres. Dessa forma até se calhar para o outro ano angariar novos sócios para esse clube e dar continuidade ao life saving. Acabava por ter um ritmo constante e mais fluido de pessoas.
NZ – E isso não existe, de todo, em Portugal?
T.R. – Não existe um único clube de life saving, não há instalações… Um nadador salvador tem muitas vezes que deixar os seus pertences na praia, onde não tem um cacifo ou um espaço para tomar banho. Ou seja, tal e qual como um bombeiro, ou um guarda-florestal, também merecem ter o seu cantinho, digamos, inserido na sociedade. Em que as pessoas olhem para aquela estrutura e saibam que nós somos os nadadores salvadores.
NZ – Isso faz lembrar um bocado o que acontece com os bombeiros, que também têm um núcleo profissional e depois têm os outros, que são voluntários…
T.R. – Funciona da mesma forma. Aqui o que nós poderemos fazer é as actividades. Ou seja, podemos anexar a toda essa parte do voluntariado actividades, uma vez que o nadador salvador deve primar também pela sua condição física. A interacção entre vários clubes ao longo da costa vai permitir isso. E dentro de várias classes. Organizar competições desportivas entre nós. Assim estamos a manter a forma física. E depois, pessoas maiores de 18 anos, essas sim podem fazer as épocas de praia e ganhar dinheiro. Só poderia fazê-lo quem tivesse tempos adequados e conseguisse prová-lo numa triagem antes da época balnear começar em que reunissem provas para apurar os melhores nadadores salvadores de todos esses clubes, para começarem a trabalhar.
NZ – Seria o clube a fazer essa triagem? Mas seria fiscalizado por quem?
T.R – Os próprios testes são feitos nas piscinas, ao ar livre, abertos ao público. Quem fosse lá ver ficaria a saber perfeitamente quem é que estava ou não em condições de os superar.
NZ – Esse sistema dava então mais garantias que o actual, com a formação prestada pelo ISN?
T.R. – Dava mais garantias, porque as pessoas, a maior parte delas, estavam em contacto com o projecto o ano todo. Acho que quase todos os jovens até à idade de 18, 20 anos, antes de irem para a faculdade, têm interesse e procuram actividades... E assim o deve ser, a sociedade assim o deve incitar, a procurar actividades desportivas. E então eu penso que estando o ano todo a fazer desporto, juntamente com outras práticas, em simulações, competições entre vários clubes, etc., participações possivelmente até para outros países... Eu próprio estive na Nova Zelândia, portanto já estive perto de alguns surf life saving club, e pude verificar isso. Eu vi crianças de 14 anos a vigiar a praia, em alturas por exemplo como Maio, em que morreu aqui um jovem. Nessa altura estavam crianças de 14 anos, com consciência daquilo que estavam a fazer, ou seja, estamos a formar os jovens e a dar-lhes credibilidade perante a sociedade, o que também é uma coisa boa, estamos a dar-lhes responsabilidades e a dizer-lhes que são úteis na sociedade. Isso é bom, não é? E acho que é esse o caminho que devemos seguir. Não este caminho em que o nadador salvador arrisca a sua vida, e ainda por cima muitas vezes é rotulado de estar ali, boa vida, etc. ou seja, não tem uma boa imagem. As coisas deviam estar estruturadas de outra forma.
T.R. – Funciona da mesma forma. Aqui o que nós poderemos fazer é as actividades. Ou seja, podemos anexar a toda essa parte do voluntariado actividades, uma vez que o nadador salvador deve primar também pela sua condição física. A interacção entre vários clubes ao longo da costa vai permitir isso. E dentro de várias classes. Organizar competições desportivas entre nós. Assim estamos a manter a forma física. E depois, pessoas maiores de 18 anos, essas sim podem fazer as épocas de praia e ganhar dinheiro. Só poderia fazê-lo quem tivesse tempos adequados e conseguisse prová-lo numa triagem antes da época balnear começar em que reunissem provas para apurar os melhores nadadores salvadores de todos esses clubes, para começarem a trabalhar.
NZ – Seria o clube a fazer essa triagem? Mas seria fiscalizado por quem?
T.R – Os próprios testes são feitos nas piscinas, ao ar livre, abertos ao público. Quem fosse lá ver ficaria a saber perfeitamente quem é que estava ou não em condições de os superar.
NZ – Esse sistema dava então mais garantias que o actual, com a formação prestada pelo ISN?
T.R. – Dava mais garantias, porque as pessoas, a maior parte delas, estavam em contacto com o projecto o ano todo. Acho que quase todos os jovens até à idade de 18, 20 anos, antes de irem para a faculdade, têm interesse e procuram actividades... E assim o deve ser, a sociedade assim o deve incitar, a procurar actividades desportivas. E então eu penso que estando o ano todo a fazer desporto, juntamente com outras práticas, em simulações, competições entre vários clubes, etc., participações possivelmente até para outros países... Eu próprio estive na Nova Zelândia, portanto já estive perto de alguns surf life saving club, e pude verificar isso. Eu vi crianças de 14 anos a vigiar a praia, em alturas por exemplo como Maio, em que morreu aqui um jovem. Nessa altura estavam crianças de 14 anos, com consciência daquilo que estavam a fazer, ou seja, estamos a formar os jovens e a dar-lhes credibilidade perante a sociedade, o que também é uma coisa boa, estamos a dar-lhes responsabilidades e a dizer-lhes que são úteis na sociedade. Isso é bom, não é? E acho que é esse o caminho que devemos seguir. Não este caminho em que o nadador salvador arrisca a sua vida, e ainda por cima muitas vezes é rotulado de estar ali, boa vida, etc. ou seja, não tem uma boa imagem. As coisas deviam estar estruturadas de outra forma.
NZ – A manter-se a época balnear como está, a partir de Junho seriam os concessionários a pagar, na mesma?
T. R. – Possivelmente. Há aqui uma possibilidade de conciliar várias coisas. Imaginando que temos o clube, temos uma infra-estrutura que nos permite basicamente poder reunir algumas condições para deixar lá o equipamento adequado, ou seja, existem provas tipo de canoa, ter os barcos, ter uma mota de água, ter uma moto 4… Um local onde esse material possa estar guardado. E onde os nadadores salvadores possam fazer uma reunião, possam ter formação, e até um ponto de convívio para as pessoas se juntarem. E imagino uma pessoa se calhar de 40 anos que sempre esteve vinculado a esse clube desde os seus 20 a ir lá. Ou seja, acaba por ser um ponto de encontro, uma família, que se vai mantendo de geração para geração. É essa a ideia. Em relação a capitais, todos podem contribuir desde patrocinadores, a Câmara Municipal, os próprios concessionários, o Estado… Ou seja, o que agora são só os concessionários, se calhar aí podia abranger um pouco mais.. de acordo até com as actividades que o próprio clube conseguisse prpor: dizer nós não só vamos fazer isto mas também temos actividades de sensibilização para crianças.Ou seja, pode ser atribuída uma verba extra. Em vez se calhar de fazerem milhares de folhetos, em vez de passarem um reclame na televisão... Na prática não conseguem tocar tão fundo como uma actividade.
NZ – E aí já não se punha essa questão da época balnear?
T.R. – Tem de se colocar sempre, por uma questão de dizer, ok esta é a época profissional. Mas fora da época profissional existe uma época de voluntariado. Teríamos então duas épocas. Uma em que os nadadores salvadores têm o seu clube e admitem perante a sociedade dar o apoio extra fora da época balnear. Se houver por exemplo uma vaga de calor, temos uma base de dados e podemos dizer que, se vai haver mais gente na praia, precisamos de mais pessoas, e então contactar o maior número de pessoas. Isso agora é impossível. Se querem o nadador salvador têm de o contratar para fazer um dia. Despender dinheiro. E não só. É que não existem! O banco de dados do ISN funciona quase de época para época. Ou seja, agora tem uns quantos que estão a ser formados esta época. Para o ano abrem novas candidaturas...
NZ – E os que têm a formação agora para o ano podem aparecer, mas também podem já não aparecer, não é?
T.R. – Podem não aparecer. Ou seja, não é um projecto de continuidade. Até digo que é ridículo, no sentido que essas verbas para a formação devem vir do Estado. Portanto estamos a usar os mesmos meios ano após ano. Estamos a gastar mais recursos em termos financeiros actualmente do que se calhar nas condições que proponho. Claro que é dispendioso montar uma estrutura, um apoio de praia em madeira, ou seja o que for. Mas também não é estar a dar formações constantemente e depois chega-se à conclusão que não há nadadores salvadores quando se quer, e os que há muitas vezes são fracos, têm uma má formação. O que é que a gente quer, afinal, não é? Se é remediar e investir de cada vez que há uma formação, ou montar uma estrutura que se enraíze na sociedade e que diga nós estamos aqui para vocês, temos poder de educação, temos poder de sensibilização, temos jogos, temos desporto…
NZ – Mesmo que houvesse um investimento inicial maior, compensava?
T. R. – Exactamente. Já para não falar das campanhas de sensibilização, que o ISN acaba por fazer, que se calhar não conseguem atingir tão bem a população porque não é o chamado in loco, não está tão perto, não é ali junto da pessoa. É apenas uma mensagem, é propaganda.
T. R. – Exactamente. Já para não falar das campanhas de sensibilização, que o ISN acaba por fazer, que se calhar não conseguem atingir tão bem a população porque não é o chamado in loco, não está tão perto, não é ali junto da pessoa. É apenas uma mensagem, é propaganda.
NZ – Concretamente, o que é preciso fazer para que isso avance. Já fez contactos com alguém, a nível de instituições?
T.R. – É complicado. Tal e qual como nas outras áreas, e falo aqui na sensibilização ambiental e na protecção dunar. Sou filho de um proprietário de um bar, ou seja, passo muitas horas na praia e tenho consciência de várias coisas que se vão passando. A areia desaparece, as pessoas vêm cá uma ou duas vezes, e não reparam que desaparece a areia. Agora, se é uma pessoa que está cá todos os dias, olha para o mar, vê que a maré chega mais acima, vê que o cordão principal das dunas está a ser atingido, porque as pessoas se sentam lá e se calhar devia haver aí alguma indicação para não o fazerem. Há tanta coisa que uma pessoa observa aqui… Eu sou só um, sinto-me um bocado sozinho. Existiu uma associação de nadadores salvadores mas eles se calhar não foram ambiciosos, não tiveram a força interior para dizer que queriam uma estrutura.
T.R. – É complicado. Tal e qual como nas outras áreas, e falo aqui na sensibilização ambiental e na protecção dunar. Sou filho de um proprietário de um bar, ou seja, passo muitas horas na praia e tenho consciência de várias coisas que se vão passando. A areia desaparece, as pessoas vêm cá uma ou duas vezes, e não reparam que desaparece a areia. Agora, se é uma pessoa que está cá todos os dias, olha para o mar, vê que a maré chega mais acima, vê que o cordão principal das dunas está a ser atingido, porque as pessoas se sentam lá e se calhar devia haver aí alguma indicação para não o fazerem. Há tanta coisa que uma pessoa observa aqui… Eu sou só um, sinto-me um bocado sozinho. Existiu uma associação de nadadores salvadores mas eles se calhar não foram ambiciosos, não tiveram a força interior para dizer que queriam uma estrutura.
NZ – Mas não basta falar nisso para que o projecto nasça. O que é preciso fazer?
T.R. – Uma vez que o clube teria de ser uma organização sem fins lucrativos, devia ser a própria população com esse interesse a fazê-lo. O problema é que as pessoas não têm essa consciência. Acabo por me sentir um bocado sozinho. Começar um projecto destes seria através de um grupo de jovens que estivesse interessado. E depois tentar levá-lo às instâncias maiores: ao IPJ, ao ISN, às autarquias.
NZ – E as autarquias podem apoiar, mesmo quando não têm competências para intervir directamente no terreno?
T. R. – Levanta-se logo aqui determinado número de problemas. Por exemplo, nós precisamos de um local para ter as nossas coisas, uma sede para o clube. Nesta zona é o Ministério do Ambiente que a tutela. Até que ponto nos devia ser dada uma infra-estrutura perto da praia para o fazer? Serão levantados inúmeros problemas até se conseguir ter uma estrutura de nadadores salvadores perto da praia.
NZ – Mas tem de se apresentar o projecto, para ele poder ser concretizado.
T. R. – Sim, mas vivemos num país tão burocrático que conseguir uma coisa destas pode levar dez anos. E qualquer jovem que tenha esta iniciativa acaba por ficar pelo caminho. Acaba por não conseguir conquistar nada. Quando me pergunta o que é preciso, seria sim o reconhecer da população, das autarquias, das pessoas em geral, que isto é mesmo preciso. E então meter mãos à obra, vamos fazê-lo. Se existir um projecto, vamos agarrá-lo e vamos levá-lo para a frente. O problema é que da parte das autarquias não há essa vontade de querer aceitar as coisas. Às vezes há mais entraves e em vez de serem eles a telefonar a perguntar se está tudo a correr bem e se é preciso alguma coisa, muitas vezes somos nós a enviar-lhes e-mails sem ter resposta. Isso assim também é complicado ter um projecto deste género.
NZ – Essa ideia veio de onde?
T.R. – Veio depois de eu visitar a Nova Zelândia. Já sabia que existia qualquer coisa, mas não que eu visse com os meus próprios olhos. E fiquei um bocado a pensar: eu sou nadador salvador desde os meus 16 anos. Primeiro fui vigia, depois nadador salvador. E nunca tive nada disto. Competições, sei lá, putos de 12, 13 anos, putos jovens, já ali com a sua farda, com orgulho.Aqui, há o nadador salvador de um lado, há o nadador salvador da outra praia, no outro lado, mas eles muitas vezes nem se chegam a falar, não se conhecem. Ou seja, cada um está ali como se fosse um barman, a trabalhar para um bar. Apenas tem uma t-shirt igual por coincidência.
NZ – Última pergunta. O Telmo é coordenador da bandeira azul para os concelhos de Almada e Sesimbra? Isso implica fazer o quê, concretamente?
T.R. – Monitorizar as condições que determinam se é atribuída àquela praia a bandeira azul. E também vou estar em contacto com os jovens que fazem os tempos livres da Câmara, em Almada e Sesimbra.
T.R. – Uma vez que o clube teria de ser uma organização sem fins lucrativos, devia ser a própria população com esse interesse a fazê-lo. O problema é que as pessoas não têm essa consciência. Acabo por me sentir um bocado sozinho. Começar um projecto destes seria através de um grupo de jovens que estivesse interessado. E depois tentar levá-lo às instâncias maiores: ao IPJ, ao ISN, às autarquias.
NZ – E as autarquias podem apoiar, mesmo quando não têm competências para intervir directamente no terreno?
T. R. – Levanta-se logo aqui determinado número de problemas. Por exemplo, nós precisamos de um local para ter as nossas coisas, uma sede para o clube. Nesta zona é o Ministério do Ambiente que a tutela. Até que ponto nos devia ser dada uma infra-estrutura perto da praia para o fazer? Serão levantados inúmeros problemas até se conseguir ter uma estrutura de nadadores salvadores perto da praia.
NZ – Mas tem de se apresentar o projecto, para ele poder ser concretizado.
T. R. – Sim, mas vivemos num país tão burocrático que conseguir uma coisa destas pode levar dez anos. E qualquer jovem que tenha esta iniciativa acaba por ficar pelo caminho. Acaba por não conseguir conquistar nada. Quando me pergunta o que é preciso, seria sim o reconhecer da população, das autarquias, das pessoas em geral, que isto é mesmo preciso. E então meter mãos à obra, vamos fazê-lo. Se existir um projecto, vamos agarrá-lo e vamos levá-lo para a frente. O problema é que da parte das autarquias não há essa vontade de querer aceitar as coisas. Às vezes há mais entraves e em vez de serem eles a telefonar a perguntar se está tudo a correr bem e se é preciso alguma coisa, muitas vezes somos nós a enviar-lhes e-mails sem ter resposta. Isso assim também é complicado ter um projecto deste género.
NZ – Essa ideia veio de onde?
T.R. – Veio depois de eu visitar a Nova Zelândia. Já sabia que existia qualquer coisa, mas não que eu visse com os meus próprios olhos. E fiquei um bocado a pensar: eu sou nadador salvador desde os meus 16 anos. Primeiro fui vigia, depois nadador salvador. E nunca tive nada disto. Competições, sei lá, putos de 12, 13 anos, putos jovens, já ali com a sua farda, com orgulho.Aqui, há o nadador salvador de um lado, há o nadador salvador da outra praia, no outro lado, mas eles muitas vezes nem se chegam a falar, não se conhecem. Ou seja, cada um está ali como se fosse um barman, a trabalhar para um bar. Apenas tem uma t-shirt igual por coincidência.
NZ – Última pergunta. O Telmo é coordenador da bandeira azul para os concelhos de Almada e Sesimbra? Isso implica fazer o quê, concretamente?
T.R. – Monitorizar as condições que determinam se é atribuída àquela praia a bandeira azul. E também vou estar em contacto com os jovens que fazem os tempos livres da Câmara, em Almada e Sesimbra.
Blogue de Telmo Rodrigues:
http://criar-escrita.blogspot.com
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